O Meu Concelho, não foi esquecido, nas festas em Angra do Heroísmo, com a devida vénia, transcrevo a notícia alusiva a este evento, publicado hoje no site www.auniao.com
Adriano Filipe
“Cinco carros alegóricos. Cinco cidades Património da Humanidade. Foi assim que Angra do Heroísmo comemorou a festa no cortejo de abertura das Sanjoaninas 2008, que juntou 250 elementos associados ao teatro, canto, música e dança.
Guimarães, Porto, Sintra, Évora e Angra foram as cidades Património Mundial representadas nos cinco carros alegóricos que desfilaram ontem à noite, pelas ruas da cidade de Angra, no decorrer do cortejo de abertura das Sanjoaninas 2008.
Sob o tema “Angra num Abraço de Prata – 25 anos de Património Mundial”, a nossa cidade juntou 250 elementos num misto de “história, cor e fantasia”.
“Houve a preocupação em fazer a ponte entre a história destas cidades e a fantasia”, revela à “a União” Fernanda Bettencourt, coordenadora do desfile. Associado ao cortejo estiveram diversas vertentes artísticas como canto, música, dança e teatro, sendo que esta última permitiu “não só ver mas também apreciar” um projecto que Fernanda Bettencourt considera “trabalhoso e dispendioso” de concretizar.
O cortejo, que integrou adereços multimédia, formado por alguns carros com “frente e verso”, obedeceu à ordem cronológica histórica desde o período romano até ao contemporâneo. Porém, “devido ao transporte das damas o carro de Évora, apesar de ser do séc. III a.C., teve de seguir depois de Sintra”, explica.
Assim, 24 escuteiros de vários agrupamentos da ilha deram início à festa, seguindo em coreografia dois grupos de elementos que transportavam bandeiras do Município anfitrião e das cidades convidadas.
O primeiro carro, que representava a cidade de Guimarães e transportava o chefe do protocolo, era composto pela Igreja da Colegiada, Monumento evocativo da Batalha do Salado, Castelo de Guimarães e a contenda entre castelhanos e portugueses.
De acordo com a coordenadora, “a coreografia relacionava a fantasia com a vida palaciana em tempo de guerra e em tempo de paz”. Fizeram ainda parte daquele cenário oito monumentos da cidade de Guimarães, também Património Mundial, evidentes nos vestidos das damas.
Quanto à cidade do Porto, a mostra do segundo carro centrou-se nas encenações do Bispo do Porto e a Coroa e o mercado na zona ribeirinha do Rio Douro. Seguiu-se Sintra, o carro da camareira, com quadros referentes ao Palácio da Pena e escultura do Tritão, ao mesmo tempo que 70 elementos da Associação de Dança Desportiva da ilha Terceira representavam o bailado das árvores. O quadro foi abrilhantado com “donzelas” e “casais aristocratas”.
“Pedi aos figurantes para darem não só o corpo, como é normal num desfile, mas a alma, isto é, que vivessem o momento”, refere Fernanda Bettencourt.
Ainda antes do carro de Évora, constituído por jovens que personificavam as Vestais, desfilava um grupo convidado de giga bombos.
Um poliedro de 10 faces, a pensar numa taça de champanhe, flocos brilhantes e iluminação néon caracterizavam o último carro alegórico do cortejo real, em representação da cidade património de Angra do Heroísmo. No alto do seu esplendor, “Comemorando a Festa”, a rainha usava um vestido criado a pensar nos quatro elementos da Natureza: Mar, Fogo, Terra e Ar.
O cortejo finalizou com a música inédita da Orquestra AngraJazz.
“Autarquia tem de apostar nas suas festas”
Fernanda Bettencourt, coordenadora do cortejo das Sanjoaninas 2008, apela para que as maiores festas profanas do Arquipélago deixem de ser vistas como uma ‘carolice’ e se tornem “profissionais”.
“A Câmara de Angra tem de apostar forte nas suas festas, tem de haver destaque. Estão iguais às festas das freguesias: mesmos materiais e mesmos artistas”. E continua: “A comissão organizadora das festas deveria ser ‘fixa’, pelo menos durante alguns anos, para profissionalizar o trabalho, apostando em artistas e materiais. Não podemos usar sempre os mesmos produtos, e, além disso, há aqueles difíceis de encontrar”.
A responsável pelo cortejo das Sanjoaninas deste ano vai mais longe e, no seguimento da projecção das festas como cartaz turístico da ilha Terceira, coloca o desafio aos responsáveis de tornar o actual armazém dos materiais e guarda-roupa utilizados nos cortejos, localizado no Parque Industrial de Angra do Heroísmo, num género de “Museu das Sanjoaninas”.
“É um espaço com dois andares com lugar para mecânica, carpintaria, pintura de carros com estufa, que bem organizado poderia ser transformado num “museu” e ser um ponto de passagem do turismo onde os turistas visitavam a comissão na antecedência das festas”, sugere.”
Sónia Bettencourt
sonia@auniao.com
Foto: João Costa/Fotaçor
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