«Ilustre homenageado, caro amigo Adriano Filipe,
Meus senhores,
Minhas senhoras,
Muito me honrou o convite que me endereçaram para apresentar aqui, nesta noite iluminada pela solidariedade e pela amizade, o nosso querido amigo Adriano Caetano Filipe. Confesso que, pelos laços da terra que nos une, pelos ideais que defendemos para Sintra e a sua gente, e, sobretudo, pela profunda admiração, sólida amizade e grande respeito que nutro pela figura e pela obra do nosso homenageado, me senti igualmente emocionado com este convite.
Cabe-me a difícil tarefa de tentar aqui, diante de vós, desenhar em traços inevitavelmente leves, a vida e a obra deste grande sintrense. E digo difícil e espinhosa esta tarefa, porque todos nós sabemos que este homem tem trabalhado imenso, tem uma vida cheia de história, um percurso ímpar de dedicação à sua terra natal e aos seus conterrâneos, uma biografia repleta de lutas e causas, das quais, a mais das vezes, saíu vitorioso. Por isso, será a história biográfica de um vencedor, aquilo que aqui vos apresentarei.
Adriano Caetano Filipe nasceu em Sintra, na freguesia de São Martinho, a 14 de Junho de 1954. É, portanto, tal como eu, saloio de gema. Começou a trabalhar muito novo, logo aos 11 anos – depois de ter efectuado a 4ª classe e o exame de admissão – na Mercearia faria, em Galamares. Aos 14 ingressou na Messa, aquela mítica e famigerada fábrica de máquinas de escrever em Mem Martins, onde começou como marçano, passou depois a escriturário, terminando, aos 22 anos apenas, como responsável pelo refeitório daquela empresa, cargo exigente para tão tenra idade, se ficarmos a saber que aquela unidade fabril teria, à época, mais de 1500 trabalhadores.
Durante um ano, ainda foi cortador de peles na Suedex, em Sintra. Mas, aos 23 anos, Adriano Filipe ingressou na empresa onde viria a laborar por vinte anos: a Fricarnes. Aqui, e gostaria que prestassem particular atenção ao seu percurso dentro desta empresa, foi motorista, vendedor, responsável pelo Gabinete Jurídico, pela Carteira de Seguros, pela Frota Automóvel onde tinha a seu cargo 150 viaturas. Mas a coisa não pára por aqui.O nosso homenageado foi ainda responsável pelos Licenciamentos e Legalizações junto das Câmaras Municipais e de todos os organismos que directa ou indirectamente superintendiam as actividades económicas da empresa. Esperem... ainda não saímos da Fricarnes! É que o grupo empresarial possuía outras empresas. E então, Adriano Filipe foi Procurador na Fricarnes, Administrador na Suigranja, gerente na Joticasa, e colaborador activo nas restantes empresas do grupo: Vila Galé, Urbisintra, Soportejo e Atlas. Como representante da Suigranja, foi também Presidente da Assembleia Geral do Agrupmonti – associação de suinicultores com sede no Montijo.
Bom, eu garanti-vos que esta era uma tarefa difícil, dado o manancial de trabalho do nosso amigo Adriano. E se no campo profissional existe esta abundância, preparem-se agora para ouvirem o percurso desportivo e, muito particularmente, o seu percurso na área do associativismo.
Adriano Filipe jogou futebol nos juniores do Mucifalense e do Mem Martins. Como sénior, ainda jogou no Lameiras. Bom, parece que era jeitoso mas não era nenhum craque. E ainda bem, digo eu! É que com isso ficou o concelho de Sintra a ganhar, porque arrecadou para o associativismo local um dos maiores dirigentes de sempre.
Foi director, secretário, vice-presidente e presidente da Sociedade Recreativa da Várzea de Sintra. Foi também vogal da direcção e vice-presidente da assembleia-geral dos Bombeiros Voluntários de São Pedro de Sintra.
Mas, em 1978, Adriano Caetano Filipe iniciou a sua actividade no seu clube de coração: o Sport União Sintrense. E aí, meus caros amigos, veio mais uma vez ao de cima a grande capacidade de trabalho, de entrega, de paixão, deste homem. Foi seccionista, motorista, director desportivo e vice-presidente deste histórico clube sintrense. Em 1994, é eleito Presidente do Sport União Sintrense, cargo que exerceu, de forma exemplar, até há bem pouco tempo.
Quem dedica tantas horas em prol dos outros, quem retira ao descanso e à família o tempo precioso para construir tão vasta obra no seio da comunidade, merece o nosso respeito, o nosso reconhecimento e o nosso aplauso.
Ainda bem que algumas pessoas e entidades oficiais reconheceram, atempadamente, os méritos do nosso homenageado. Por isso, Adriano foi condecorado com a Medalha de Correcção Desportiva atribuída pela Associação de Futebol de Lisboa; recebeu a Cruz Vermelha de Mérito, o Jornal A Pena atribuiu-lhe, em dois anos consecutivos, respectivamente um terceiro e um primeiro lugar no prémio para “O Melhor Dirigente do Ano”. Também a Câmara Municipal de Sintra o condecorou por duas vezes, primeiro em 1997, com a Medalha de Mérito Municipal de Prata 2º grau e, já em 2002, com a Medalha de Mérito Municipal de Ouro 1º grau.
Adriano Filipe é, ainda, sócio de mérito do Sport União Sintrense, da Sociedade União Sintrense e da Associação de Futebol de Lisboa.
Falta agora falar-vos do percurso político de Adriano Filipe. E este também é um vastíssimo historial, sobretudo feito à custa de muito esforço e dedicação, de contacto permanente com as populações e resolvendo, na prática, no terreno, os problemas que se lhe deparam. Logo em 1974, integra a Comissão de Trabalhadores da Messa, onde foi delegado sindical. De 1976 a 1980, exerceu um mandato como vogal da assembleia de Freguesia de São Martinho. Desde 1998, ano em que foi pela primeira vez eleito, que é Presidente da Junta de Freguesia de São Martinho, cargo que, a meu ver para bem da população daquela freguesia, ainda exerce.
A obra já efectuada por Adriano Caetano Filipe basta-lhe para lhe garantir um lugar nos Anais da História de Sintra. Contudo, sei que ele não parará por aqui. Outros desafios tomará em mãos, outras demandas enfrentará em prol de uma Sintra melhor.
Mas aquilo que não está escrito, nem registado em qualquer biografia, são os afectos. Porque isso é coisa mais para se sentir do que para se falar. E todos nós, que conhecemos e convivemos com Adriano Filipe, sabemos que o melhor dele são os valores humanos.
Um abraço Adriano.
João Rodil
|